a separação do casal

Quando nasce uma criança nasce uma família…e a vida do casal pode mudar muito, e eventualmente des-estruturar. Um casal sem filhos tem uma vida com uma maior autonomia . Existem ações compartilhadas, coisas que fazem juntos e várias outras em que seu par não necessariamente participa. Mas quando uma criança nasce, passa a existir uma tarefa comum,central  e muito importante, um cuidado com o  novo bebe, que pode ser muito exaustivo. E a medida em que a criança cresce, novas necessidades surgem. Claro que com o passar dos anos a companhia desse ser que está se desenvolvendo passa a ser cada vez mais gratificante. Mas as cobranças entre o casal podem aumentar muito. Em geral as mães, e também os pais, passam a sentir outras necessidades, que uma vida mais “solta”de casal não exigia. E muitas vezes se sente tolhido de fazer coisas que fazia antes do bebe nascer. Então parece que a felicidade de cada um, que antes era vivida de forma mais tranquila, passa a depender do outro. E como o outro muitas vezes não supre nossas alegrias, que pelo menos ele ou ela cumpram suas tarefas!?  É ai que pode surgir uma insatisfação e uma pergunta: será que eu casei com a pessoa certa? Será que essa pessoa do meu lado é aquela com quem eu quero constituir  minha família? 
Claro que muitos  encontros e separações são genuínas. Mas as que acontecem nesse momento, em que uma criança nasce, podem ser melhor observadas… Se cada um compartilhar suas dificuldades e limites, novas soluções certamente poderão ser encontradas. As vezes a decisão de separar pode ser a opção mais rápida a ser tomada…mas existem com certeza outras possibilidades. Ficar um tempo recolhido, cada um no seu espaço interno, pode ajudar bastante.


O Casamento

ALMITRA falou de novo e disse:
- Mestre, que pensais do Casamento?
Ele respondeu, dizendo:
- Nascestes juntos,
juntos ficareis para sempre.

Ficareis juntos
quando as asas brancas da morte
dispersarem os vossos dias.

Sim. Ficareis juntos
até na silenciosa memória de Deus.

Mas que haja espaço na vossa comunhão;
e que os ventos do céu
dancem no meio de vós.

Amai-vos um ao outro,
mas não façais do amor um empecilho:
seja antes um mar vivo
entre as praias das vossas almas.

Enchei cada um o copo do outro,
mas não bebais por um só copo.

Partilhai o pão;
mas não comais do mesmo bocado.

Cantai e dançai juntos, sede alegres;
mas permaneça cada um sozinho,
como estão sozinhas as cordas do alaúde
enquanto nelas vibra a mesma harmonia.

Dai os vossos corações;
mas não a guardar um ao outro.

Porque só a mão da Vida
pode conter os vossos corações.

Mantende-vos juntos,
mas nunca demasiado próximos:
porque os pilares do templo
elevam-se, distanciados,
e o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro.
.

em "O Profeta"
de Khalil Gibran

Nenhum comentário: